CARTA ABERTA À COMUNIDADE DE
APARECIDA DE GOIÂNIA SOBRE O RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS NESSE MOMENTO DE
PANDEMIA DA COVID-19.
O Comando de Luta da Educação de
Aparecida de Goiânia, vem por meio desta, esclarecer à comunidade alguns pontos
sobre o retorno presencial às aulas neste momento em que o Brasil está diante
de uma nova Cepa do Corona Vírus e um expressivo aumento do número de mortes.
Neste momento, as secretarias de
educação e saúde de Aparecida de Goiânia fazem estudos para que as aulas
presenciais possam iniciar. Diante disso, queremos apresentar alguns dados e
questões:
Na segunda-feira (08-02) foi
confirmada a circulação de uma nova Cepa aqui em Goiás, a variante chamada de
P2 foi encontrada em uma paciente de Ceres e segundo pesquisadores pode estar
circulando no estado; Além dela, no Brasil já está circulando outra Cepa, a P1
que é muito mais contagiosa do que a Covid-19. É importante destacar que não
sabemos muito sobre as consequências dessas novas Cepas; Outro problema muito
grave relacionado à Covid-19 são as síndromes que podem acometer aqueles que
tiveram a doença, uma síndrome, conhecida como Síndrome Inflamatória
Multissistêmica Pediátrica, vem se instalando em crianças e adolescente de 0 a
19 anos que contraíram a Covid e manifesta uma resposta inflamatória sistêmica
significativa, como febre alta, manchas pelo corpo e outros sinais e sintomas
como: pressão baixa, conjuntivite, sinais de inflamação no nariz, mãos ou pés,
sintomas gastrointestinais agudos (diarréia, vômito ou dor abdominal),
comprometimento de múltiplos órgãos e alteração dos marcadores inflamatórios.
Segundo dados do boletim Covid-19
na tarde de 12 de fevereiro, Goiás já contabilizava 7.915 mortes e Aparecida
647. Mas esses não são somente números, são pais, mães, filhos, filhas, tios e
tias, avós e avôs, esposas e maridos, amigos e amigas, enfim, são pessoas que
amamos que infelizmente não poderemos ter mais a companhia devido a essa
doença.
Muitas dessas pessoas são
funcionários administrativos de escolas, Emeis e Cmeis de Aparecida de Goiânia
que poderiam estar cuidando de sua saúde, mas tiveram que ir às escolas, muitas
vezes, somente para cumprir horário e acabaram sendo infectados.
Neste ano de 2021 em que as
escolas estão abertas com todos os funcionários administrativos trabalhando, já
tivemos caso de uma escola municipal que teve que fechar as portas, pois TODOS
os funcionários que estavam trabalhando se contaminaram.
E como ficam as crianças nisso?
Uma reunião foi convocada com os
gestores das escolas sobre como seria o protocolo da volta e percebemos que não
há garantia nenhuma que essa volta será segura e preservará vidas. A realidade
das escolas em Aparecida muitas vezes não é conhecida pela comunidade devido ao
esforço dos funcionários em garantir condições mínimas de funcionamento, mas
muitas vezes até papel higiênico falta nas instituições. As salas, em sua
maioria não comportam a quantidade de crianças e são mal ventiladas.
Em relação à limpeza existe uma
briga que há anos estamos travando porque não há funcionários administrativos
suficientes e aqueles que trabalham estão cada dia mais doentes devido à
sobrecarga de trabalho. Isso em tempos “normais”, imaginem durante essa
pandemia que a limpeza deve ser dobrada. Esses funcionários não irão aguentar!
E a locomoção até as escolas?
Sabemos que uma parte das famílias leva os alunos de ônibus, essas crianças
podem entrar em contato umas com as outras e todas podem levar o vírus para
suas casas infectando a todos na família.
Levamos em consideração as taxas
de ocupação de leitos de UTI’s e enfermarias, que já estão em quase 100% na
nossa capital, pois o numero de casos de Covid-19 teve um aumento exponencial
nos últimos dias em todo Estado. Varias famílias estariam sujeitas a esse Vírus
e teriam que se submeter a essa falta de vagas.
Diante de tanto medo e incertezas
não haverá aprendizagem de fato, a escola será um espaço para que as crianças
passem um tempo e ainda corram o risco de serem infectadas.
Sabemos que a condição das aulas
remotas não é a ideal, mas nesse momento o que está em jogo são vidas e isso é
o mais importante.
Desde o dia 01 de abril de 2020
os professores foram convocados a trabalharem no ensino de aulas online por Whatsapp
ou outros aplicativos e este foi um enorme desafio, pois não houve qualquer
tipo de auxílio para que professores, agentes e alunos pudessem estar nestas
aulas. Assim, todos os professores e agentes tiveram que arcar financeiramente
com materiais para executar suas aulas, além de usarem sua internet, aumento
nas contas de energia e custos também com aparelhos celulares melhores para
comportarem as atividades. Para as famílias não foi diferente, pois não houve
qualquer auxílio da prefeitura para que as crianças pudessem ter acesso a essas
aulas, sendo que uma grande quantidade de alunos na rede não tem acesso à
internet.
Entendemos que à maioria dos
trabalhadores não foi dado o direito de se protegerem do Coronavirus desde o
início da Pandemia, precisaram sair e se expor para garantir a sobrevivência e
o sustento de suas famílias, isso é uma realidade! Por isso durante todo o ano
de 2020 e agora em 2021 colocamos a importância de um Auxilio emergencial para
TODA classe trabalhadora e num valor que garanta sua sobrevivência e proteção
em casa.
Acreditamos que isso também
deveria ser o papel da Secretaria de Educação, ajudar a exigir os direitos a
saúde e proteção das crianças e seus familiares, e não as expor a esse vírus
mortal. Deveriam se esforçar para buscar alternativas e oferecer auxílios aos
servidores e as famílias dos alunos nesse momento, bem como, mais cestas de
alimentos, visto que houve economia em muitos aspectos devido a não estarmos nas
escolas, pois foi garantido o repasse do dinheiro destinado a educação.
Agradecemos o empenho de todas as
famílias neste momento tão difícil que todos estamos passando, mas enfatizamos
que preservar vidas é o mais importante.