segunda-feira, 21 de setembro de 2020

NÃO VALIDAÇÃO DO ANO LETIVO! PELO DIREITO DAS CRIANÇAS DE ESTUDAR E APRENDER!


O Comando de Luta da Educação de Aparecida de Goiânia vem a público se pronunciar em relação ao ofício enviado pela SEMECT no dia 02 de setembro para as instituições de ensino vinculadas à rede municipal informando sobre as avaliações deste ano letivo.  


Pela leitura do documento, percebemos que não haverá retenção de aluno na série, mesmo àqueles que não puderam participar do REANP.  


Sabemos que muitos alunos não tiveram a oportunidade de participar devido a diversas peculiaridades, dentre elas a falta de internet e aparelhos adequados e a volta ao trabalho de seus responsáveis. Será que a aprovação compulsória desses alunos é mesmo a melhor saída para este momento? 


A educação pública vem sofrendo, paulatinamente, um processo de sucateamento e qualquer conquista que temos é devido à luta e ao trabalho de uma categoria comprometida com uma verdadeira educação de qualidade.  


E pensando no desenvolvimento cognitivo real e efetivo dos estudantes,  não podemos concordar com a ideia de que neste ano houve aprendizagem significativa, que as aulas remotas obtiveram qualidade adequada e que cumpriram o currículo mínimo exigido na educação básica, pois o espaço da escola e as relações que acontecem lá são primordiais para o aprendizado, como já lemos em Vigotsky.  


Assim, nem mesmo aqueles alunos que participaram efetivamente das aulas, em tempo real nos grupos não poderiam ser “aprovados” para a série seguinte. 


A melhor solução para esta situação, a maneira mais justa e honesta com todos os alunos seria a não validação do ano letivo. Mas aí vem os questionamentos: “Eu trabalhei em vão?” “Eu trabalhei mais do que no presencial!” “Os alunos irão ficar atrasados”? 


Para responder a isso, temos que entender a importância do nosso trabalho, pois por mais que se possamos contabilizar avanços de alguns alunos, nós trabalhamos para o coletivo e temos que atender a todos os alunos em sala, e mesmo trabalhando remotamente, atendendo até fora do nosso horário real de trabalho, não conseguimos atender de forma individualizada aos alunos como é feito em sala.  


Trabalhamos sim, exaustivamente nesse período, e recebemos nossos salários para tal, e todo nosso esforço ajudou aqueles alunos que tiveram a oportunidade de participar com tarefas e brincadeiras. Portanto, nosso trabalho não foi em vão, mas é preciso admitir que esse formato não é o suficiente para alcançar os objetivos de aprendizagem. 


E aquele aluno que em 2020 esteve no 1º ano, será que em 2021 ele estará apto com os conteúdos do 2º ano? Temos que lembrar que já estamos em fase de implementação da BNCC e, por isso, temos que seguir as habilidades de cada etapa. 


A saída mais justa é permanecer com esse aluno no 1º ano e trabalhar todo 2021 assim. E isso não pode ser encarado como perda e sim, como mais um ano, mais uma oportunidade que ele terá para aprender e consolidar os conteúdos mínimos exigidos além da maturidade.   


Em relação à Educação Infantil enquanto espaço de aprendizagens e desenvolvimento guiadas através da interação e brincadeira por meio de ações pedagógicas intencionais, baseada em fases de desenvolvimento. Considerando a falta de universalização da oferta mesmo após obrigatoriedade, entendemos que infelizmente, não há como se reparar ou recuperar as vivências não realizadas nesse ano e defendemos o avanço, num possível retorno presendical com vacina de acordo com a faixa etária correspondente à idade.   


Os alunos de escolas particulares e classes mais abastadas têm a oportunidade de ter aulas extras, reforço. E nossos alunos, filhos da classe trabalhadora, terão as mesmas oportunidades ou irão levar as dificuldades desse ano para as demais etapas escolares? 


Pensando nessas indagações, temos que lutar pela valorização de nosso trabalho, que é feito em excelência presencialmente e também lutar pela educação pública e de qualidade, pelo direito de estudar e aprender dos filhos e filhas do povo, pois só por meio dela poderemos diminuir a enorme desigualdade social deste país. 


Vem aí a mais uma famigerada reforma administrativa, que colocará mais uma vez a corda no pescoço do trabalhador, do servidor público. Seremos cobrados por “produtividade”, por resultados. Como serão os resultados dos índices educacionais em 2021 dessas crianças que não tiveram acesso a todos os conteúdos mínimos? O que será feito do professor que atenderá uma sala de 4º ano, por exemplo, em que os alunos no 3º (em 2020) não tiveram acesso a todas as habilidades exigidas nessa etapa da educação? 


Precisamos refletir sobre toda a situação política que permeia a educação, estudar e mobilizar para a grande batalha que está por vir. 


LUTEMOS!!!



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