O CANTO
Carolina Nogueira
Desde o início
sabíamos que seria difícil
não havia outro caminho,
seguimos firmes,
aquecemos nossa voz
ignoramos as dificuldades ,
ignoramos os que nos ignoraram
tentamos ecoar o canto da indignação ,
muitas foram as tentativas
uns não quiseram ouvir ,
não se indignaram
muitos entenderam e
se indignaram,
porém , não cantaram
poucos , altivos ,
ergueram - se e seguiram a canção
caminharam no rumo justo ,
agarraram sua dignidade com mãos de aço
e vozes de águias
foram às ruas ,
ruas ricas de vida ,
vida sofrida , explorada
entoaram cantos de luta, de força , de luz
todos ouviram,
uns assustados ,
poucos incomodados ,
e muitos , muitos entusiasmados
felizes por ver sua voz na voz dos outros,
seu canto encontrar o canto de tantos
sua voz que pouco fala,
que pouco canta,
quase muda
as portas se fecharam ao nosso canto de luta
então, cantamos nos seus ouvidos ,
nosso canto foi grande , belo , alto , vibrante
transitava entre o passado , o presente e o futuro.
era contagiante
mas o canto deles
ah, o canto deles era covarde , injusto , brutal , bestial
não desistimos , continuamos
firmes ,
mais alto cantamos
outros estranhos tentaram , em vão , roubar nosso canto
mas não ecoou,
não era verdadeiro ,
era o chiado das hienas e dos ratos ,
e com eles seguiram os restos e os vermes
com nosso canto de luta
seguiram os persistentes ,
nosso canto embalou a cidade
o canto de poucas vozes ,
vozes fortes e ressonantes ,
canto dos justos ,
tão justo era ,
que foi entoados por todos os lados
um canto de luta ,
um canto de resistência ,
um canto de guerra !
o canto da luta popular!
Nenhum comentário:
Postar um comentário